quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Adesão ao tratamento

Olá pessoas queridas que acessam este blog!

Estive aqui, com meus botões, refletindo sobre uma questão. De tanto receber mensagens e depoimentos de pessoas que têm transtornos como o meu, reclamando sobre os efeitos colaterais dos medicamentos, do descaso dos profissionais de saúde e da família, etc... cheguei a uma conclusão. Eu nunca tinha pensado nisso, mas acompanhem meu raciocínio:
Dizem que nós, principalmente os bipolares, não aderimos ao tratamento. Que isso é uma das características peculiares que nos define. Mas quando um de nós, se submete humildemente aos ditames da medicina psiquiátrica e da psicologia, o que costuma acontecer? Teremos sorte se não ficarmos obesos e inchados. De uma hora para outra perdemos um pedaço de nossa identidade e ganhamos quilos e sensações tão horríveis de acúmulo de líquido que mal conseguimos fechar nossas mãos. É assustador! Devastador também. Daqui a pouco, fazemos exames e descobrimos que nossos fígados, rins ou tireóides ou todos juntos estão começando a reclamar dos remédios. Se tivemos sorte, teremos uma tireodite - como foi meu caso. Na pior das hipóteses uma cirrose medicamentosa ou qualquer outra coisa medonha! De repente, éramos descompensados e passamos a ser feios, doentes, sem brilho, sem graça, sem identidade. Quem quer ficar assim????

Aí, vamos aos profissionais reclamar dessas coisas e eles acham que estamos reclamando porque somos doidos, caprichosos, teimosos, resistentes ao tratamento! E não alteram em nada nosso tratamento ou mudam uma coisinha aqui outra ali. Se reclamamos que estamos inchados, nos mandam fazer drenagem linfática! Drenagem linfática!!! Drenagem linfática??? Como assim? Pergunte se eles tomariam um remédio que os deixasse inchados como umas bolas? Com o fígado podre, com a tireóide lenta? É claro que vão nos dizer que sim, que tomariam os remédios! Mas eu duvido!!!!

É por isso, minha gente, que reforço aqui o que já disse muitas outras vezes nesse blog: pesquisem por conta própria, consultem vários profissionais, testem os tratamentos e exijam respeito, demonstrem que sabem das coisas, não se deixem ser tratados como loucos! Vamos lutar para melhorar nossas condições. E que possamos aderir alegremente aos tratamentos, desde que estes tragam bem estar e qualidade de vida de modo amplo!

7 comentários:

  1. Boa iniciativa. Sim, tratamento e qualidade de vida é uma opção possível.
    Trará transtornos? Sim. Mas traz responsabilidade e controle também.

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  2. Adorei.
    Me encontrei com muitas possíveis respostas pesquisando por conta própria.
    Mal posso esperar para conseguir dar o passo do tratamento, do diagnóstico. Beijos

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  3. Oi Samara! Que bom que você continua aqui, me acompanhando!

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  4. Oi Borderlife,
    Eu também pesquisei bastante, ainda bem que hoje já existem informações disponíveis.
    Torço por você! Mande notícia!
    Abraço,
    Lady.

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  5. Ah, eu sempre passo... mas tu anda sumida, né, moça? beijo.

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  6. Lady, muito bom seu espaço. Acho que, na verdade, estamos cercados por idiotas, temos uma percepção aguçada das coisas e temos que nos dopar/estabilizar pra viver no meio desta bagunça incrível. Sofri uma violência sexual. Ouvi muitos muitos MUITOS absurdos a respeito das minhas reações. Desde ser diagnosticada com milhares de baboseiras até que um trauma sexual não afeta em nada. Tomo Lamitor 50. Antidepressivos e calmantes me DETONAM acabam com minha graça de existir então fiquei so no estabilizante de humor. NÃO RECOMENDO rivotril a não ser em emergência. Um médico idiota me dopou às 3h da manhã e queria que eu fosse trabalhar 6h do dia seguinte, porque não me deu licença. COMO? Tive vontade de me atirar na frente de um trem, mesmo porque mal conseguia manter as pálpebras abertas. Como as pessoas podem ser tão despreparadas? Eu digo, repito e teimo: somos pessoas inteligentes cercados por idiotas. O remédio me ajuda a amenizar minhas reações, pra que eu não chute a bunda de alguém. Mas enfim, de certo modo estar anestesiado faz com que sejamos coniventes com toda a agressividade do meio. Um psi iluminado abriu minha mente e assoprou dentro dela: "Gato não late. Se quer um latido, compre um cachorro." Comecei a lidar com tudo que me faz mal, com mais desapego e acho que o remédio contribui para que eu não sofra tanto com os meus apegos. Me livrei de um namorado doentio e comprei um cachorro de verdade (haha). Enfim, acho que temos que tomar cuidado em se acomodar com a "doença". O meio ambiente acho que é o que mais afeta. Assim como a família e os relacionamentos afetivos. Aprender a administrar as adversidades e realmente abrir as mãos e deixar cair o que não serve é um grande passo.

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  7. Olá, Tpacini!.

    Adorei seus comentários!
    Você tem algum blog? Você me parece ser uma pessoa que poderia contribuir bastante para nossas discussões.
    Tenho contato com muitas pessoas que discutem esses temas de diagnósticos, medicação, episódios de alteração do humor etc. Cada um tem seu ponto de vista e é muito rico conversar sobre o assunto.

    Olha só, eu tomo lamitor 250mg. E é o que me faz conseguir trabalhar. Eu tendo a acreditar que viver é um fardo e se não me cuidar, acabo indo para o beleléu. Tenho uma filha, isso aumenta meu grau de responsabilidade em ser humana. Por isso sou a favor de medicação. E mesmo o rivotril por vezes me faz um bem enorme. Tenho um frasco em gotas no criado-mudo. Mas uso pouco, nem me lembro quando foi a última vez.

    Mas entendo o que você coloca. E saiba que a violência sexual é realmente um fato que pode alterar totalmente nosso modo de lidar com a vida, com a sociedade e conosco. Não é o meu caso, mas convivo com mulheres que passaram por isso e trabalhei durante alguns anos com pessoas que sofreram violência sexual.

    Vamos mantendo o contato por aqui.
    Obrigada por me ouvir/ler.
    Abraço!

    Lady.

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